VOCÊ JÁ PAROU PARA PENSAR NO FUTURO DO TRABALHO?
Há anos estamos vivemos em um cenário de mudanças complexas. Vemos todos os dias serviços tradicionais e consolidados como o táxi, reserva de hotéis e delivery de comida serem engolidos por negócios em plataformas disruptivas que disponibilizam o produto ou serviço em apenas um click.
Da mesma forma, vimos organizações tradicionais que já estiveram na lista da Fortune 500 serem ultrapassadas por empresas que nasceram na garagem dos pais de um jovem corajoso e que hoje vale milhões.
Não sei vocês, mas quando eu era criança assistia os Jetsons e jamais imaginei que iria ver aquelas inovações se tornarem reais: as pessoas conversando online pelo computador, funcionários tendo reuniões com hologramas dos seus gestores, médicos diagnosticando seus pacientes online, carros andando sem um piloto, um robô que limparia a minha casa, mas… já estamos vivendo essas coisas e é incrível!
Precisamos passar por uma pandemia para que os profissionais percebessem a importância de se adaptarem as tecnologias. Para que os executivos repensassem os processos, os modelos de negócio e a forma de trabalho. De repente, rever ou criar uma cultura organizacional mais flexível, focada em colaboração e confiança, virou uma questão prioritária nas organizações.
O novo cenário do mercado de trabalho é pautado pela inovação, criatividade e colaboração e pela flexibilidade em aprender, desaprender e reaprender de novo com agilidade, sem apego e lidando bem com frustração. Mas para isso, o estudo deve se tornar um hábito, pois o conhecimento se torna obsoleto muito rapidamente.
Para se manter um profissional com uma alta empregabilidade, esqueça aquela história que fazer faculdade, pós e talvez algum curso complementar é suficiente, pois não é! Esse modelo não funciona mais nesse novo cenário!
O conceito atual é de Life Long Learning, ou seja, educação deve ser continua, e você como profissional, como ser humano, deve estar atento as oportunidades de aprendizado que se apresentam a você, sendo protagonista disso, sedento por ampliar o seu repertório, encher a sua mochila de novos conceitos, ferramentas e práticas que o ajude a tomar melhores decisões, inovar, facilitar um processo, resolver os seus problemas de uma forma diferente do que estava habituado.
Para de fato aprender e colher bons frutos é preciso colocar em prática no dia a dia tudo aquilo que está na nossa memória, porque isso, além de te trazer resultados irá te motivar a aprender mais e mais. O consultor de aprendizagem, Conrado Schlochauer diz que “aprendizado é a explicitação do conhecimento por meio da performance melhorada”.
Um estudo realizado pela universidade de Oxford aponta que 47% das posições formais de trabalho que existem hoje tendem a ser substituídas por robôs e softwares nos próximos 20 anos.
Segundo o Fórum Econômico Mundial nenhuma profissão deve ficar de fora das mudanças, mas algumas serão mais impactadas que outras, principalmente aquelas que possuem muitas atividades operacionais que podem ser facilmente automatizadas.
Isso nos gera uma preocupação, pois devido à automação e integração tecnológica a taxa de desemprego aumentará trazendo mais desigualdade de renda, porém a boa notícia é que essa transformação também criará demanda para um número estimado de 133 milhões de novos empregos, com novas oportunidades e aspirações dos profissionais.
Mas como serão os empregos do futuro?
Com certeza haverá novas posições serão criadas e a tendência é que os profissionais sejam cada vez mais multicarreira, ou seja, tenham conhecimento sobre temas diversos além da sua área de atuação, gerando massa crítica, desenvolvimento novos produtos e serviços, ampliando os nichos de atuação.
Para que isso aconteça entendo que devemos nos dedicar a novos aprendizados, aguçando a nossa curiosidade, criatividade, estando abertos a assumir que estamos engatinhando em determinadas cearas e por isso, vamos errar, não vai sair perfeito e tudo bem, porque faz parte do processo de aprendizagem.
Não é tão simples assim assumir que não sabe, que errou, que está com dificuldades, principalmente quando se é um profissional já mais experiente, consolidado na carreira. Eu atendo muitos profissionais nos processos de coaching que me relatam essas dificuldades e mesmo eu, que trabalho e lido com isso diariamente, me pego em vários momentos me julgando sobre meus erros.
Anualmente o Fórum Econômico Mundial aponta previsões sobre as principais competências, profissões em alta e emergentes, além de alguns aspectos que marcarão o futuro do mercado de trabalho.
Com base no Fórum Econômico Mundial de abril de 2020, algumas habilidades serão essenciais para os próximos anos. São elas:
1 - Solução de problemas complexos
De acordo com o relatório do Fórum, 36% das atividades em todos os setores da economia, nos próximos 2 anos deverão exigir habilidades para solução de problemas complexos.
A internet nos trouxe uma mudança de habito importante: Respostas pronta a um clique, o que nos afastamos da capacidade de refletir para encontrar alternativas. Acreditem, estamos vivendo um momento de escassez de talentos que possuam pensamento analítico para resolver desafios complexos, porque poucos são os profissionais que se aprofundam em conceitos, métodos, teorias.
2 - Pensamento crítico
O diferencial nessa habilidade é saber questionar, fazer as perguntas certas que desafiem o senso comum, o status quo, a rotina, na busca de oportunidades que podem ser desenvolvidas, otimizando processos, reduzindo o tempo, trazendo novas alternativas para solucionar os problemas.
3 – Criatividade
Segundo Murilo Gun, “ ser criativo é um processo onde o indivíduo usa do seu conhecimento prévio para construir uma nova ideia. A combinatividade de ideias, leva a algo criativo e novo.”
Para que a criatividade aconteça precisamos estar abertos ao novo, assumir que não se sabe tudo, se permita conversar com pessoas diferentes e compreender seus pontos de vista. Conhecer novas formas de pensamento irá ampliar sua capacidade de visão e de "combinatividade" de ideias e fatores, que elevam a criatividade.
4 – Gestão de Pessoas
As empresas precisam de pessoas que se importem umas com as outras, que sejam gentis no relacionamento, assertivas na comunicação, e sejam coerentes entre o discurso e a prática.
Segundo Marco Fabossi, o fator confiança é a base para uma liderança extraordinária. O feedback sincero e cotidiano é o melhor caminho para a transparência e a construção de um ambiente de respeito e confiança.
5 – Autogestão e Pensamento Coletivo
O cenário atual exige respostas rápidas para solucionar problemas que independem de um comando externo, por isso é importante que o profissional esteja envolvido com o negócio, que tenha o senso de dono oferecendo o melhor de só em prol do coletivo. Que tenha a atitude de apoiar os colegas e pedir ajuda quando necessário.
Neste contexto é fundamental que os lideres construam sólidas relações de confiança e empoderem os times, fomentando a autonomia.
6 - Inteligência emocional
A inteligência emocional é a capacidade de tomarmos consciência das nossas próprias emoções para não sermos levados por impulsos, ao lidarmos com nós mesmos e com o outro, principalmente em situações de crise e pressão.
Segundo Susan David, criadora do conceito Agilidade Emocional é preciso abrir um espaço para reflexão entre o sentimento e a reação.
A chave para a inteligência emocional é o autoconhecimento e para isso a psicoterapia, coaching, meditação e treinamentos voltados para o tema são fundamentais para desenvolver essa habilidade.
7 – Capacidade de julgamento e tomada de decisão
A tecnologia permite analisar os algoritmos em uma velocidade superior que os humanos, mas ela ainda não é capaz de tomar decisões e analisar os dados com profundidade tal como fazemos.
Tomar decisões faz parte da rotina de qualquer profissional. Estima-se que tomamos em média 35 mil decisões por dia.
O desafio é que as nossas decisões estão baseadas no nosso sistema de crenças e valores e podem ser enviesadas, caso não tenhamos atenção plena. É fundamental que o profissional procure agir ao invés de reagir, estimulando assim seu poder de concentração e discernimento.
8 - Orientação para servir
A habilidade de servir está relacionada a capacidade de colocar seus melhores talentos à disposição do coletivo. Ao servir, sentimos a sensação de sermos úteis, de sermos importante e isso eleva a autoestima, gerando um sentimento de bem-estar e autorealização.
Além disso, a empresa e os clientes são beneficiadas, pois aumenta-se a capacidade produtiva dos profissionais, gera-se mais ideias, toma-se decisões com um olhar mais abrangente, melhora-se a qualidade das relações, tornando o ambiente organizacional mais saudável.
9- Negociação
A habilidade de negociação, conciliando diferentes pontos de vista são fundamentais para qualquer profissional. Por isso, é tão importante que os profissionais desenvolvam sua capacidade de comunicação, argumentação, influencia, conexão com pessoas e conhecimento da área de atuação para que negociem de forma eficaz.
10 – Flexibilidade Cognitiva
Adaptabilidade é a palavra chave para se ter flexibilidade cognitiva. Precisamos ter em mente que os velhos padrões e pensamento engessados não combinam com a realidade que estamos vivendo hoje (era exponencial, crise econômica, pandemia…)
Para desenvolver essa habilidade os profissionais precisam abrir mão do medo de mudar, do medo de errar, desapegando de processos e conceitos. O momento requer que sejamos vulneráveis e humildes, admitindo que não sabemos tudo e que não precisamos saber!
Estamos vivendo mudanças onde as nossas habilidades comportamentais e socioemocionais, são percebidas cada vez mais como essenciais. O grande desafio é gerir as nossas emoções, de forma que essas sejam catalizadores do nosso potencial e não inibidores do nosso crescimento.
Sempre é um desafio falar sobre o futuro do trabalho ou das competências que o profissional do futuro precisará desenvolver, pois estamos em constante transformação e o futuro é incerto. Porém em meio a tantas incertezas, podemos afirmar que algumas competências serão sempre muito valiosas em qualquer organização e contexto: a curiosidade, gestão das emoções e capacidade de aprender, desaprender e reaprender para assim evoluir.
Helen Santos
Psicóloga e Coach com mais de 15 anos de vivência no desenvolvimento de líderes e equipes dentro de grandes organizações.
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